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A minha experiência no Paredes de Coura

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Muito se tem falado do Paredes de Coura de ano para ano. A primeira vez que ouvi falar nesse festival foi sempre com um estigma de "festival antigo" ou com tradição, soa melhor. Alternativo também. E não fosse ele ficar situado numa terra que eu não fazia ideia de onde ficava. Tenho inclusive uma tia minha que, quando nova, ia a todos os festivais de verão que valiam a pena na altura. Super Bock Super Rock, Paredes de Coura e Vilar de Mouros. Um ano foi ao Paredes de Coura. Não se lembra de nenhuma banda conhecida que tenha visto, mas é bem provável que se hoje ler os nomes que foram, irá reconhecer alguns. Ah, e apareceu na capa de uma revista do Expresso, a tomar banho no rio Coura. A minha avó não acho muita piada a isso. Muitos anos depois foi a minha vez. De tomar banho no rio. E, não tendo o previlégio de um jornal como o Expresso, falei para a CMTV (cunha de uma amiga minha). Ainda hoje tenho o video e a página do jornal. Fui ao Paredes de Coura apenas 2 anos,

Sentimento em bolha

O ódio saiu à rua De braços abertos e gritos ao alto Desencaminhando as gentes Orientando sobressaltos Dando mão aos angustiados Apoio aos desconsolados Voz aos calados que viam Força ao que calavam E deixou dor e tristeza Palavras em campos desertos Onde a ilusão era de paz E a primavera dos despertos Em ignorar o que ele fazia sentir Os pensava fazer ver E dizia por vezes ouvir Despertos de olhos fechados A este manifesto contagiante De vida que se solta Das entranhas mais cruéis Do profundo ser revoltado Que se alimenta da fome do homem Que pela vida fica amaldiçoado Que vivem a desprezar a origem e o sentido Mesmo que ele exista Pois não há razão para ser consumido Por um fogo de vista Pois não somos mais Do que uma bola de sabão Encaminhada num espaço sem dó Por rajadas do tempo sem fim Que com medo de arrebentar Por atingir o chão Se tenta explodir por si só Com coordenadas para o fim MCardoso (texto original)

Hoje olhei

Hoje olhei para o meu pai. Normalmente costuma estar na sala comigo e o convívio resume-se aos comentários soltos no ar. Do que passa na tv. De como tem corrido o trabalho. De como têm corrido os exames e consultas. Mas hoje olhei-o. Estava a mastigar uma garfada do meu jantar e os meus olhos encontraram-no ao meu lado. Não sei explicar porquê, mas o que vi não foi o mesmo que costuma acontecer quando os meus olhos o encontram. Estava apenas a olhar para a televisão. Tinha comentado algo sobre os tempos de faculdade, de um episódio menos positivo pelo qual tinha passado. Penso que a lembrança dos tempos de dificuldades e batalha ajudaram ao filtro com que o olhei. Olhei. E vi um homem. Mais que isso, vi o meu pai. Não estava a ser o meu pai apenas naquele momento, ele é o meu pai desde que eu nasci. Os nosso caminhos têm andado em paralelo mas não coincidentes. Chocamos muitas vezes nas nossas teimosias e filosofias distintas. Ele não usa a lógica e o bom senso da mesma forma q

Porra para isto de estar doente

No sofá sentado A televisão ver Porra que estou adoentado E não sei o que fazer Nem a porra da televisão ligou ainda A gaja adoeceu também Não apanha sinal Não há tv para ninguém Que raio de ranho Que mal que eu fiz Agora que não consigo Respirar pelo nariz? Vai tocando uma música no pc Do filme "Assim nasce uma estrela" Que no outro dia fui ver, sem gripe Pois ainda estava sem ela Aproveito para marcar A mudança de operadora. Estamos fartos de pagar tanto A ti, MEO, sua devoradora. Cheguei a casa cansado Hoje foi dia de pegar às 6 da manhã. Parece-me que vou é estar na cama Todo o dia de amanhã. Conduzi no escuro Cheguei ao trabalho Estacionei o carro Longe como o diabo Dei formação Comi lanches de oferta O que me lixou mesmo Foi a porra da porta aberta Corrente de ar Como eu te odeio Deixas-me neste estado Sem modo nem meio Agora olha, O feriado calhará bem, Estarei de cama Não me chateará ninguém. A ver se isto passa A ver

E se doar um orgão quando morrer?

Como qualquer ser humano comum, sempre tive um grande receio sobre a morte, e o que vem depois dela. Durante anos e anos acreditei que se me portasse de acordo com o que é considerado "bem", iria para o céu. Também que poderia voltar numa reencarnação. Hoje em dia tenho pensamentos mais terra a terra, mais carne e osso, e acredito que somos todos iguais e que a vida é isto e depois... acabou. Guardo sempre alguma esperança de que esteja enganado, mas penso que é isso que mais me faz temer a morte: a esperança de poder voltar. Ou melhor, a possibilidade de estar enganado quanto à reencarnação ou a ida para o céu. Se a vida for isto, uma viagem apenas de ida, não vejo porque temer a morte. Nunca ninguém se queixou de ter morrido na verdade. Aproveitem a vida. Passando agora para o assunto do título: e se doar um orgão quando morrer? E se doar o corpo à ciência? Desculpem o assunto macabro, mas é um assunto que considero interessante. Há uns anos atrás se me perguntassem i

A polémica dos beijinhos aos avós

Aquando do programa "Prós e Contras" desta semana, no qual um professor universitário defensor do poliamor (não sei que diferença isso faz honestamente, mas nas redes sociais várias pessoas tendem em insistir) falou que obrigar as crianças a dar um beijinho aos avós era um ato de violência, violência física. E sinceramente, um pouco como sobre tudo o que vou vendo nas polémicas recentes, acho que anda tudo a exagerar. Um over-react geral. Antes de mais, esclarecer uma coisa: qualquer ato de obrigação de alguém a fazer algo contra a sua vontade é um ato de violência. Quanto a isso não há dúvidas. Acho que este é mais um daqueles casos em que a imprensa viu uma ponta por onde pegar e não perdoou. Nada contra, é assim que as coisas funcionam. Mas o que o homem queria expor foi conseguido. Não da melhor maneira, mas foi. Longe de ser a melhor maneira. Contudo pegou num caso pelo qual todos nós já passámos. Venha quem vier, quando somos miúdos não sabemos bem ainda o que que

Desabafo sobre fim de estágio

Acabei ontem o meu estágio profissional. Despedi-me daqueles que achei serem merecedoras de uma despedida decente, daqueles que me ajudaram e me acompanharam ao longo destes 9 meses. Desde superiores até operadores de linha (estagiei numa fábrica). Apanhei muita gente de surpresa. Acho que já não me olhavam como um estagiário desde há algum tempo, ou pelo menos como alguém insatisfeito e a querer sair.  Entrei como um miúdo. 9 meses não são um período assim tão longo como isso, mas sinto que saí muito mais homem, muito mais calejado para o futuro.  Já lá tinha estado 4 meses a escrever a minha tese. A minha superior era temida por muitos lá dentro. Metia medo nas pessoas, autoridade onde passava. Sabia lá alguém que passados 2 meses de estágio eu a estaria a substituir quando esta foi para casa com uma gravidez de risco. O que é irónico, pois uma vez disse que "gravidez não é doença" a uma senhora que tinha faltado ou que ia para a baixa mais cedo. A vida prega parti